segunda-feira, 31 de maio de 2010

CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA 2011


O Ministério de Educação de Cuba, tem o prazer de anunciar a próxima edição do Congresso Internacional de Pedagogia que vai se realizar em Havana - Cuba de 24 a 28 de Janeiro de 2011. Na sua última realizacao em 2009, o Congresso reuniu mais de 4.500 congressistas, com grande participacao Brasileira no Evento.
Trabalhos Acadêmicos
O Comitê já está recebendo os resumos que serão avaliados e farão parte do Programa Cientifico.os trabalhos academicos podem ser enviados através do site :http://www.lionstours.com/pedagogia2011.html

Temas principais do Congresso
Educação e formação de valores
Formação integral e Educação científica no desenvolvimento da : Educação pré escolar - Educação Especial - Educação Primária - Educação Secundária - Educação pré Universitária - Educação Técnica e Profissional - Educação e Jovens e Adultos
Educação Superior
Graduação e pos graduação de profissionais da Educação
Alfabetrização e pós alfabetização
Integração dos agentes e agências socializadores na Educação - Escola - Família - Outras organizações comunitárias e organizações
Educação Física, Energética e Ambiental, Artística, da saude e da sexualidade
Avaliações da qualidade da Educação
Ciências da Educação e Pesquisa Educacional
Históricos e Estudos comparativos em Educação
O Pensamento educacional de Simon Bolivar, José Marti e outros líderes da America Latina - a validade e aplicação das políticas e sistemas educativos na America Latina e Caribe
O Ensino da História na Educação
A Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) na Educação
Organização e Patrocinadores
UNESCO
ORCACL - HAVANA
OEI - Organização dos Estados Ibero Americanos para Educacion, Ciencia y Cultura
UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infancia
CEA - Confederacion de Educadores AmericanosALEAC Asociacion de Educadores da America Latina y Caribe
UNFPA - United Nations Population Fund
CREFAL - Centro de Cooperacion Regional para la Educacion en Adultos en America Latina
CEAAL - Consejo de Educacion de Adultos en America Latina
ORGANIZAÇÃO DO CONGRESSO - Ministério de Educação de Cuba

domingo, 30 de maio de 2010

ESCOLA E COMUNIDADE: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL

A parceria entre escola e comunidade é extremamnete importante para a garantia de uma Educação de qualidade. Sem essa parceria, o trabalho educacional desenvolvido junto ao aluno pode ficar bastante prejudicado. Devido a importância dessa temática, o nosso blog trará, durante essa semana, um conjunto de reportagens, vídeos e artigos com dicas relevantes sobre o assunto, fazendo-nos perceber o quanto é fundamental estabelecer um vínculo duradouro e produtivo entre a comunidade e a escola na qual o aluno está inserido.
Como atrair os pais para a escola
Veja como é possível estreitar a relação com a família e formar uma parceria produtiva
Todo educador sabe que o apoio da família é crucial no desempenho escolar. Pai que acompanha a lição de casa. Mãe que não falta a nenhuma reunião. Pais cooperativos e atentos no desempenho escolar dos filhos na medida certa. Esse é o desejo de qualquer professor. Segundo um estudo publicado no Journal of Family Psychology, da Associação Americana de Psicologia, as crianças que freqüentam festas e reuniões familiares têm mais saúde, melhor desempenho escolar e maior estabilidade emocional. E mesmo o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), apontou que nas escolas que contam com a parceria dos pais, onde há troca de informações com o diretor e os professores, os alunos aprendem melhor. Diversos educadores brasileiros também defendem que a família realize um acompanhamento da escola, verificando se seus objetivos estão sendo devidamente alcançados. Essa atuação dos pais ainda é bem rara, de acordo com os resultados de pesquisa realizada no ano passado pelo Observatório do Universo Escolar. A instituição, um braço do Instituto La Fabbrica do Brasil, parceira do Ministério da Educação, ouviu mais de 100 pais e educadores da rede pública e privada de todo país e constatou que só 13% das escolas públicas mantêm um relacionamento próximo com a família. Por outro lado, 43,7% dos pais de alunos da rede pública acreditam que, se fossem promovidos mais encontros e palestras interessantes, haveria maior integração com a escola. Por que pais e professores ainda não conseguem se entender? Segundo a mesma pesquisa, a maior parte dos educadores atribui aos pais a origem dos problemas de disciplina. E apontam como fatores o novo modelo familiar, no qual os adultos permanecem pouco tempo em casa, ou ainda aquele que apresenta uma organização diferente da tradicional.
Confusão de papéis
Para a pedagoga Márcia Argenti Perez, do campus da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, que estuda os conflitos entre a escola e a família, a culpa é do tempo maluco em que vivemos. "Mudanças que antes ocorriam em 100 anos agora acontecem em dez e está muito difícil acompanhar as novas exigências sociais e culturais", diz. Hoje há uma confusão de papéis, cobranças para as duas instituições e novas atribuições profissionais para você. "Parece haver, por um lado, uma incapacidade de compreensão por parte dos pais a respeito daquilo que é transmitido pela escola. Por outro lado, há uma falta de habilidade dos professores em promover essa comunicação", afirma outro estudioso do assunto, o professor Vítor Paro, também da USP. A escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim eles vão se sentir comprometidos com a melhoria da qualidade escolar. Muitas instituições não informam à família sobre o trabalho ali desenvolvido e isso dificulta o diálogo. "Ou os pais cobram o que não deveria ser cobrado ou ficam desmotivados e não participam de uma comunidade que não deixa claros seus objetivos e dinâmicas", afirma Márcia.
Como melhorar a relação
A discussão deve avançar na procura das melhores oportunidades de promover um encontro positivo entre pais e professores. Para isso acontecer, alguns conceitos precisam ser revistos. Perceba a construção da família atual e não mistifique o modelo do passado como ideal. Tenha claro que é direito dos responsáveis pelos estudantes opinar, fazer sugestões e participar de decisões sobre questões administrativas e pedagógicas da escola. "A educação é um serviço público, e o pai, um cidadão que deve acompanhar e trabalhar pela melhoria da qualidade do ensino", afirma a consultora pedagógica Raquel Volpato, de Botucatu (SP). Apóie a Associação de Pais e Mestres, para que ela não se restrinja a apenas arrecadar dinheiro. Não dá para contar com os pais apenas na organização de festas. Para que as reuniões tenham quórum, é preciso ter objetivos bem definidos e conhecer as famílias e a comunidade em que a escola está inserida. Planejamento é essencial. "A reunião não pode ser vista como uma prestação de contas", diz a pedagoga Márcia Argenti Perez. Reflita sobre os preconceitos e as discriminações existentes na escola. Não é necessariamente o grau de instrução do pai e da mãe que motiva uma criança ou um adolescente a estudar, mas o interesse em participar de suas lições de casa e da vida escolar. "Como muitos pais têm um histórico de exclusão e fracasso escolar, existe medo e vergonha de trocar idéias e conversar com os educadores", afirma Márcia. Não parta do princípio de que a família precisa ser ajudada pela escola e sim de que a escola precisa dela. Todo diretor tem que dar conta da participação familiar e para isso a gestão não pode ser autoritária.
Quer saber mais?
Unidade de Educação Infantil Erê, Passagem Nossa Senhora da Guia, s/nº, 66115-320, Belém, PA, tel. (0_ _91) 233-8454
BIBLIOGRAFIA
Qualidade do Ensino: A Contribuição dos Pais, Vitor Henrique Paro, 126 págs., Ed. Xamã, tel. (0_ _11) 5081-3939, 14 reais
Reunião de Pais: Sofrimento ou Prazer?, Beate G. Althuon e outros, 116 págs., Ed. Casa do Psicólogo, tel. (0_ _11) 3034-3600, 14 reais

quarta-feira, 26 de maio de 2010

SEMANA DE PEDAGOGIA VAI DEBATER A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

A Semana de Pedagogia 2010, promovida pelo Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas, será realizada a partir desta segunda-feira, 31 de maio, até o dia 2 de junho, no Cedu, no Campus Maceió. A temática escolhida foi “Cultura(s), Identidade(s) e Formação de Professores”, com o objetivo de discutir questões relativas à diversidade cultural e a construção de identidades na educação, pondo em evidência questões que permeiam a formação de professores nos âmbitos curriculares, filosóficos, políticos e didáticos.
A programação procura incluir na discussão diversas áreas, além de trazer os elementos que constituem uma abordagem multirreferencial. Serão contemplados variados assuntos: Educação a Distância, Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos, Arte, Literatura, Atividades Lúdicas, Música, Questões Raciais, Pesquisa e Formação de Professores, dentre outros.
A Semana de Pedagogia 2010 é organizada por uma comissão composta de professores, alunos e funcionários, tendo à frente o Colegiado do Curso de Pedagogia e o Centro Acadêmico Paulo Freire, contando com o apoio da Reitoria, da Coordenadoria Institucional de Educação a Distância (Cied) e da Pró-reitoria de Extensão (Proex).
As inscrições podem ser feitas na sala do Centro Acadêmico, localizada no Centro de Educação (Cedu), no Campus A. C. Simões, das 8h às 21h, até o dia 31 de maio. O valor da inscrição varia de acordo com o perfil: estudantes (R$ 10,00), professores da educação básica (R$ 20,00), professores de ensino superior (R$30,00).

Abaixo segue programação completa:

Dia 31/05

MANHÃ

7 h 30 às 9 h 30 - Credenciamento
9 h 30 - Atividade cultural 1/Abertura
10 h 15 - Conferência: Cultura(s), Identidade(s) e Formação de Professores
Profa. Dra. Maria Luísa Merino Xavier (UFRGS)
12 h - Encerramento

TARDE

13 h 30 - Mesa redonda: Gênero, etnia e sexualidade na formação docente
Prof. Dr. Henrique Cunha - UFC
Profa. Dra. Elvira Simões Barretto - FEAC/UFAL
Coordenação: Profa. Dra. Nanci Helena Rebouças Franco - CEDU/UFAL
15 h 30 - Debate
16 h - Atividade cultural 2.
16 h15 - Comunicação oral
18 h - Encerramento

NOITE

18 h 30 - Atividade cultural 3.
19h - Comunicação oral
20 h - Mesa redonda 1: Políticas Públicas em Educação: diretrizes e pressupostos em discussão
Profa. Dra. Maria Edna de Lima Bertoldo - CEDU/UFAL
Profa. Dra. Maria do Socorro Aguiar de Oliveira Cavalcante - CEDU/UFAL
Prof. Ms. Ricardo da Silva
Coordenação: Profa. Dra. Ana Maria Gama Florêncio - CEDU/UFAL
Mesa redonda 2: Arte e Ludicidade na formação humana
Profa. Ms Giselly Lima de Moraes - CEDU/UFAL
Profa. Dra. Leda Maria de Almeida - CEDU/UFAL
Coordenação: Prof. Ms. Cleriston Izidro dos Anjos - CEDU/UFAL
21h - Debate


Dia 01/06

7 h 30 - Oficinas e Mini-cursos
12 h - Encerramento
13 h 30 - Oficinas e Mini-cursos
18 h - Encerramento
19 h - Oficinas e Mini-cursos
22 h 30 - Encerramento

Dia 02/06

MANHÃ

7 h 30 - Mesa redonda: Identidade(s) e a formação de professores no Curso de Pedagogia.
Prof. MS José Cosme Drumond – PUC/MG
Profa Dra. Kátia Maria de Melo - CEDU/UFAL
Coordenação: Profa. Dra. Suzana Barrios - CEDU/UFAL
9 h 30 - Debate
10 h - Atividade cultural 1
10 h15 - Comunicação oral
12 h - Encerramento

TARDE

13 h 30 - Apresentação de pôster
15 h 30 - Atividade cultural 2
16 h - Mesa redonda: A produção de subjetividades e TICs na formação docente
Profa. Dra. Maria Auxiliadora Silva Freitas - CEDU/UFAL
Profa. Dra. Deise Juliana Francisco - CEDU/UFAL
Profa. Luis Paulo Leopoldo Mercado - CEDU/UFAL
Profa. Cleide Jane de Sá Araujo Costa - CEDU/UFAL
Coordenação: Profa. Dra. Anamelea de Campos Pinto - CEDU/UFAL
18 h - Encerramento

NOITE

18 h 30 - Palestra: Interculturalidade e a educação de adultos
Prof. Dr. César Picón – Universidade Maior de San Marcos do Perú
Coordenação: Profa. Dra. Marinaide Lima de Queiroz Freitas - CEDU/UFAL
20 h 30 - Debate
21 h - Atividade cultural 3
22 h 30 - Encerramento
Mini cursos e Oficinas:

Dia 01/06

MANHÃ


2. De olho no preconceito: uma análise sobre os personagens negros em livros para crianças e adolescentes
Profa. Dra. Nanci Franco

3. Processo de disciplinamento na escola - (sala de seminário CEDU))
Profa. Dra. Maria Luísa Merino Xavier (UFRGS)

4. Atividades psicomotoras e jogos pedagógicos (oficina)
Profa. Cidete Melo

5. A formação do leitor literário na escola.
Profa. MS Giselly Lima de Moraes e Profa. MS Edna Telma Fonseca e Silva Vilar

6. Cartografia digital: o uso de mapas conceituais como procedimento de avaliação.
Profa. Dra. Maria Auxiliadora Silva Freitas

7. Educação quilombola e educação indígena
Prof. José Bezerra da Silva

TARDE

14 h – 18 h

8. A leitura da linguagem cartográfica
Profa. Dra. Maria das Graças Marinho de Almeida

9. História, cultura e formação docente
Profa. Dra. Maria das Graças Madeiro Loiola, Profa. Dra. Elione e Prof. MS Wilson Sampaio.

10. O uso do rádio na Educação
Profa. Dra. Anamelea de Campos Pinto e MS Mary Lourdes Scofield Osório

11. A educação artística da criança
Prof. MS Cleriston Izidro dos Anjos e Profa Rozana Machado Bandeira de Melo

12. Interdisciplinaridade na Dança e na formação docente
Profa.Nadir Nóbrega – ICHCA

13. As funções de mobilização social dos Conselhos de Educação: limites e possibilidades.
Profa. MS Irailde Correia de Souza Oliveira

14. Concepção e construção de mapas conceituais a partir do CmapTools
Profa. Dra. Deise Juliana Francisco
Estudante Rafael André de Barros

NOITE

19 h – 22 h

15. A criança e a música: subsídios para a atividade docente (oficina)
Cleriston Izidro dos Anjos e Rui Cipelli de Brito

16. A importância do livro didático de português para a produção de texto
Prof. Dr. Eduardo Calil.

17. Movie maker na educação.
Profa. Dra Deise Juliana Francisco
Mestranda Jaqueline Felix
Mestranda Tatiane Campos

18. Sociologia da Educação do Campo: políticas públicas, técnica e conhecimento na perspectiva do trabalho.
Prof. Dr. Ciro Bezerra

19. O Plano Municipal de Educação de Maceió, a CONAE e a diversidade cultural.
Profa. Esp. Edna Lopes do Nascimento - presidenta do COMED/Maceió e Coordenadora Estadual da UNCME.

20. Gestão escolar e os índices de desenvolvimento da educação em Alagoas
Prof. MS Tiago Leandro Neto.

21. Educação Ambiental "Construção de Com Vidas" (oficina)
Profa. Maria Helena Ferreira Pastor Cruz

22. Poliedros ou balões de São João? (oficina)
Profa. Ms. Lúcia Cristina Silveira Monteiro

domingo, 23 de maio de 2010

O DRAMA DO PROFESSOR

Muitas vezes, em diversas opiniões dadas por mim em relação à educação brasileira , costumo apontar que há uma diferença entre "professores" e "educadores". E quando me reporto a essa comparação tenho em mente,exatamente, os conceitos,tão bem colocados por Rubem Alves, quando faz um comparativo dessas duas figuras aos eucaliptos e jequitibás.
Com base nisso, quero trazer hoje, por meio desse blog, um artigo bastante reflexivo sobre as atuais "responsabilidades" de um educador no século XXI.
Quero deixar bem claro que não se trata aqui de criticar o fato dos educadores se envolveram nas diversas instâncias do mundo educacional, mas da forma como essas "responsabilidades" vem sendo impostas a muito educadores em nosso país.
Espero que esse texto possa gerar uma grande reflexão em muitos de vocês. E que essas possam ser trazidas para a prática , para que soluções inteligentes venham surgir o quanto antes.

Por Dermeval Saviani
Diante das pressões para exercer várias funções, o educador ainda terá de participar da gestão escolar, da vida da comunidade e orientar os estudos dos alunos?
Como ocorre com os trabalhadores em geral, também os professores são instados a se aperfeiçoar continuamente. O mercado e seus porta-vozes governamentais querem um professor ágil, leve, flexível, que, a partir de uma formação inicial ligeira e a baixo custo, aprimore sua qualificação no exercício docente refletindo sobre sua prática, apoiado, eventualmente, por cursos rápidos. Pede-se, ainda, que você não apenas ministre suas aulas, mas também participe da elaboração do projeto pedagógico das escolas, da vida da comunidade, da gestão da escola e do acompanhamento dos estudos dos alunos. Você, como a maioria dos professores, não ficou imune ao canto da sereia das novas pedagogias. A descrença no saber científico e a procura de “soluções mágicas” do tipo reflexão sobre a prática, relações prazerosas, pedagogia do afeto, transversalidade dos conhecimentos e fórmulas semelhantes vêm ganhando a cabeça dos professores. Estabelece-se, assim, uma “cultura escolar” de desprestígio dos professores e dos alunos que querem trabalhar seriamente e de desvalorização da cultura elaborada. Nesse tipo de “cultura escolar”, o utilitarismo e o imediatismo da cotidianidade prevalecem sobre o trabalho paciente e demorado de apropriação do patrimônio cultural da humanidade. Com isso a escola foi sendo esvaziada de sua função específica ligada ao domínio dos conhecimentos sistematizados. Nesse quadro você, professor, é lançado na defensiva. Diante das pressões para exercer o conjunto de funções solicitadas, você responde: mas... eu já faço das tripas coração para ministrar, da melhor forma possível, um grande número de aulas, em três ou quatro escolas diferentes, para turmas numerosas de alunos... e ainda vou ter de participar da gestão da escola; da vida da comunidade e orientar os estudos dos alunos? O professor, que nos anos 80 participou da mobilização dos educadores, reivindicando maior participação nas decisões, agora se vê diante da seguinte cobrança: “Vocês não reivindicaram maior participação? Pois é. Suas reivindicações foram todas atendidas pela legislação. Portanto, o êxito da escola e da política educacional que a orienta depende apenas da iniciativa e dedicação de vocês, professores”. Eis aí o seu drama atual, caro professor. Na verdade, você também é vítima da inclusão excludente. Os dirigentes esperam que você exerça todo um conjunto de funções com o máximo de produtividade e o mínimo de dispêndio, isto é, com modestos salários. Claro que, se você fosse bem remunerado no âmbito de uma carreira docente que lhe garantisse jornada integral numa única escola, você poderia exercer sem maiores problemas as mencionadas funções. Cabe, pois, passar da defensiva à ofensiva, organizando fortemente a categoria dos professores e mobilizando toda a sociedade em torno da conquista de uma carreira docente digna e justa. Sem isso, todas as proclamações em torno da valorização da educação não passarão de promessas vãs.
FONTE: Revista Carta Escola, Maio de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

PROFESSOR NÃO APRENDE A AVALIAR ALUNO, DIZ ESPECIALISTA

Apenas 1% dos cursos de graduação para professores têm matérias específicas sobre provas e avaliações nacionais, afirma Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas. "O uso de avaliações por parte de professores depende de conhecimento e não do uso 'cego' ", salientou, durante palestra na feira Interdidática, ocorrida no final de abril, em São Paulo.
Ela pesquisou os currículos das licenciaturas e cursos de pedagogia brasileiros por meio de dados oficiais divulgados entre 2001 e 2006. A falta de disciplinas sobre avaliação se reflete em como os docentes avaliam seus alunos. Dentre exames feitos por professores e analisados por Bernardete, a pesquisadora afirma ter encontrado "provas incoerentes, feitas 'no joelho', que não foram pensadas com nenhum referencial didático contemporâneo".
Essa falta de formação-tanto para provas escolares quanto para governamentais (como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e a Prova Brasil)-é problemática, pois os docentes "saem sem formação minima para entender as avaliações e fazer críticas fundadas", aponta.
Os profissionais, de acordo com a professora, usam mais a "sensibilidade" do que conhecimentos acadêmicos para avaliar: "Não basta. Precisamos caminhar para ter processos de avaliação desenvolvidos pelo professor", diz.

Na escola
A pesquisadora explica que as avaliações podem alavancar mudanças no dia a dia escolar. Para isso, "é preciso saber fazer e saber ler os dados, interpretar, levantar aspectos pedagógicos, procurar soluções didáticas e mostrar possibilidades de superação de dificuldades pelos meios que dispomos nas escolas", diz.
E isso "bate" na formação docente: em seu estudo, Bernardete constata ainda que, nos cursos que oferecem formação em avaliações, o conteúdo dado trata-se mais de críticas do que de base teórica para entender seu funcionamento. "Os alunos só tem crítica abstrata daquilo que nem conhecem", diz.

Reformulação de currículo
Para resolver o"grande desafio da educação brasileira", segundo aponta a pesquisadora, é preciso que haja uma reformulação do currículo dado nas licenciaturas -tarefa a ser feita pelo governo e pelas universidades. "Nunca tivemos uma política pública da união em relação a aprimorar a formação das licenciaturas e, hoje, estamos numa situação relativamente caótica".
A docente critica a formação a distância, que exige uma alta capacidade de leitura e estudo que nem todos os estudantes têm e diz que os sindicatos deveriam cobrar a qualidade na formação em suas plataformas.
Outro fator apontado é a dificuldade que os graduandos de licenciatura têm em realizar o estágio obrigatório em escolas. "Como você vai fazer estágio de 1ª a 4ª série em curso noturno? Não existe. Eles fingem que fazem estágio... a maioria não faz", conta. Para evitar isso, a pesquisadora aponta que deveria haver mais bolsas para cursos diurnos em vez de noturnos.

Uso de avaliações
A professora diz que a cultura de avaliações começou a ser pensada no final dos anos 80 e se consolidou nos anos 90, enquanto outros países já tinham sistemas avaliativos. Apesar de hoje estarmos além do pensamento de provas como "punição" ou "seleção", a docente diz que as escolas brasileiras ainda usam avaliações apenas como "sinalizadores".
"Precisamos decifrar esses sinalizadores, isso depende de conhecer metodologicamente esses processos. Não estou dizendo de dominar firulas estatísticas, mas a lógica e seus conteúdos, que permitem interpretar esses processos para usá-los em sala de aula".
Reportagem de Ana Okada
FONTE: UOL Notícias