terça-feira, 6 de julho de 2010

JÁ SE PREVIA, INFELIZMENTE!



Embora os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) tenham apresentado melhoras, conforme  apontam os indicadores registrados e publicados recentemente, fiquei me questionando sobre várias coisas, e com certeza , esses questionamentos não foram somente meus, mas de muitos educadores, principalmente , aqueles que prezam pela qualidade da educação brasileira.
Primeiramente, antes de partir para a exposição dos questionamentos propriamente ditos, quero fazer uma pequena exposição do que vem a ser o Ideb, pois desta forma, com certeza, entenderemos melhor a reflexão que será feita  sobre tal assunto.
Conforme dados apresentados pelo próprio Ministério da Educação, O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações do Inep*(Instituto Nacional de Educação e Pesquisa)  e em taxas de aprovação. A nota que lhe é atribuída se apresenta numa escala que vai de zero a dez. Assim, para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula.
O índice é medido a cada dois anos e o objetivo é que o Brasil, a partir do alcance das metas estabelecidas para os municípios e estados, tenha nota 6 no ano de 2022 – o que  corresponde à qualidade do ensino em países desenvolvidos.
Analisando criteriosamente o tripé , apontado logo acima, que condiciona o crescimento do Ideb, e trazendo os componentes do mesmo para a nossa realidade, chegamos a muitas conclusões, principalmente, em relação ao crescimento dos indicadores recém apontados pelo próprio Ministério da Educação. Ora, se um dos meus questionamentos e de muitos educadores era saber o porquê desse crescimento, já que nos deparamos cotidianamente com realidades tão gritantes em relação à qualidade do ensino e que nos mostram exatamente o contrário do que apontam os resultados, depois da exposição dos componentes do referido tripé tudo fica bastante explicado, afinal de contas, há tempos em que a escola pública não se depara com o problema da evasão. Até existe, não estou afirmando que acabou, mas é raro o aluno deixar de ir à escola nos dias atuais. Isso não quer dizer que o aluno ame a escola e que ela ofereça o melhor ambiente para ele, em alguns casos até acontece, sim, mas é uma raridade em nosso país. O que estou querendo dizer é que desde a existência do bolsa família o aluno frequenta a escola rigorosamente, caso contrário, o tal benefício não chegue à família deste.
Em relação à questão da repetência, essa problemática também parece ter sido "resolvida", neste caso, não somente na rede pública, mas também na rede particular, afinal de contas, vocês acham mesmo que a existência do sistema de progressão continuada foi aceita de forma tão rápida simplesmente porque pensava-se em não interromper o processo de aprendizagem do aluno, levando em consideração que o mesmo não deve sofrer retrocessos, ou até mesmo, por conta  do respeito à sua  auto-imagem de aprendiz como  forma de motivá-lo a aprender? Sinceramente, eu tenho as minhas dúvidas.
Quanto à aprendizagem, a rede particular continua à frente da rede pública. Conforme a análise feita, um estudante da rede pública de ensino, na grande maioria, está três anos atrás, em termos de aprendizagem, quando comparado a um da rede particular. A situação é bem mais caótica quando essa comparação é feita entre regiões, pois, mais uma vez, as regiões norte e nordeste apresentaram os piores desempenhos. E , infelizmente, Alagoas, o nosso estado, continua na "liderança" dos piores do nordeste. Em relação ao índice nacional, o estado perde apenas para o Pará.
Depois dessa análise, fica claro o porquê da minha preocupação quando o país fala em avanços em termos educacionais.

*O Saeb - Sistema de Avaliação da Educação Básica e a Prova Brasil são avaliações do Inep.

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