quarta-feira, 28 de abril de 2010

O que é o Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (TDAH)


Diariamente ouço queixas de educadores sobre o mau comportamento dos alunos em sala de aula. Muitos alegam que a inquietação de alguns deles é tamanha, e que se perde cerca de 50% do tempo destinado às aulas somente para tentar "acalmar" esse tipo de criança.

Está mais do que comprovado que não existe "receita mágica" para eliminar de uma única vez com esse tipo de situação, mas uma das primeiras estratégias que o educador deve fazer é tentar investigar para se saber se o problema que anda ocorrendo em sua sala é de fato um problema do aluno ou de sua prática pedagógica enquanto educador.

Abaixo segue uma reportagem publicada pela revista Nova Escola, na edição desse mês de abril, que pode contribuir para o esclarecimento de algumas dúvidas que o educador possa ter em relação a esse tipo de assunto.

Boa leitura!


Antes de sugerir que um aluno tem hiperatividade, veja se é sua aula que não anda prendendo a atenção. Cinco pontos essenciais sobre esse transtorno


À primeira vista, a estatística soa alarmante: de 3 a 6% das crianças em idade escolar sofrem com o Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (o nome oficial do TDAH), que muita gente conhece somente como hiperatividade. Quer dizer então que, numa classe de 30 alunos, sempre haverá um ou dois que precisam de remédio? Não. Na maioria das vezes, o acompanhamento psicológico é suficiente. E, se o problema for bagunça ou desatenção, vale analisar se a causa não está na forma como você organiza a aula. "Geralmente, a inquietação costuma estar mais relacionada com a dinâmica da escola do que com o transtorno", diz Ma­u­ro Muszkat, especialista em Neuropsicologia Infantil da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Quando o caso é mesmo de TDAH, são três os sintomas principais: agitação, dificuldade de atenção e impulsividade - que devem estar presentes em pelo menos dois ambientes que a crian­ça frequenta. Por tudo isso, nun­­ca é demais lembrar que o diagnóstico precisa de respaldo médico. Veja cinco pontos essenciais sobre o transtorno.

1. Agitação não é hiperatividade - Há dias em que alguns alunos parecem estar a mil por hora e nada prende a atenção deles. Isso não significa que sejam hiperativos. O problema pode ter raízes na própria aula - atividades que exijam concentração muito superior à da faixa etária, propostas abaixo (ou muito acima) do nível cognitivo da turma e ambientes desorganizados e que favoreçam a dispersão, por exemplo. Em outras ocasiões, as causas são emocionais. "Questões como a morte de um familiar e a separação dos pais podem prejudicar a produção escolar", diz José Salomão Schwartzman, neurologista especialista em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Nesses casos, os sintomas geralmente são transitórios. Quando ocorre o TDAH, eles se mantêm e são tão exacerbados que prejudicam a relação com os colegas. Muitas vezes, o aluno fica isolado e, mesmo hiperativo, não conversa.

2. Só o médico dá o diagnóstico - Um levantamento realizado recentemente pela Unifesp aponta que 36% dos encaminhamentos por TDAH recebidos no setor de atendimento neuropsicológico infantil da instituição são originados da escola por meio de cartas solicitando aos pais que procurem tratamento para o filho. "Em muitos casos, o transtorno não se confirma", afirma Muszkat. A investigação para o diagnóstico costuma ser bem detalhada. Hábitos, traços pessoais e histórico médico são esquadrinhados para excluir a possibilidade de outros problemas e verificar se os aspectos que marcam o transtorno estão mesmo presentes. Como ocorre com a maioria dos problemas psicológicos (depressão, ansiedade e síndrome do pânico, por exemplo), não há exames físicos que o problema. Por isso, o TDAH é definido por uma lista de sintomas. Ao todo são 21 - nove referentes à desatenção, outros nove à hiperatividade e mais outros três à impulsividade.

3. Nem todos precisam de remédio - Entre os anos de 2004 e 2008, a venda de medicamentos indicados para o tratamento cresceu 80%, chegando a cerca de 1,2 milhão de receitas, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Diversos especialistas criticam essa elevação, apontando-a como um dos sinais da chamada "medicalização da Educação" - a ideia de tratar com remédios todo tipo de problema de sala de aula. "Muitas vezes, o transtorno não é tão prejudicial e iniciativas como alterações na rotina da própria escola, para acolher melhor o comportamento do aluno, podem trazer resultados satisfatórios", explica Schwartz­wman. Quando a medicação é necessária, os estimulantes à base de metilfenidato são os mais prescritos pelos médicos. Ao elevar o nível de alerta do sistema nervoso central, ele auxilia na concentração e no controle da impulsividade. O medicamento não cura, mas ajuda a controlar os sintomas - o que se espera é que, juntamente com o acompanhamento psicológico, as dificuldades se reduzam e deixem de atrapalhar a qualidade de vida. Vale lembrar que o remédio é vendido somente com receita e, como outros medicamentos, pode causar efeitos colaterais. Cabe ao médico avaliá-los.

4. O diálogo com a família é essencial -Em alguns casos, os professores conseguem participar das reuniões com os pais e o médico. Quando isso não é possível, conversas com a família e relatórios periódicos enviados para o profissional da saúde são indicados para facilitar a comunicação. É importante lembrar ainda que não é por causa do transtorno que professores e pais devem pegar leve com a criança e deixar de estabelecer limites - a maioria das dificuldades gira em torno da competência cognitiva, da falta de organização e da apreensão de informações, e não da relação com a obediência. Durante os momentos de maior tensão, quando o estudante está hiperativo, manter o tom de voz num nível normal e tentar estabelecer um diálogo é a melhor alternativa. "Se o adulto grita com a criança, ambos acabam se exaltando rápido e, em vez de compreender as regras, ela pode pensar que está sendo rejeitada ou mal compreendida", diz Muszkat.

5. O professor pode ajudar (e muito) - Adaptar algumas tarefas ajuda a amenizar os efeitos mais prejudiciais do transtorno. Evitar salas com muitos estímulos é a primeira providência. Deixar alunos com TDAH próximos a janelas pode prejudicá-los, uma vez que o movimento da rua ou do pátio é um fator de distração. Outra dica é o trabalho em pequenos grupos, que favorece a concentração. Já a energia típica dessa condição pode ser canalizada para funções práticas na sala, como distribuir e organizar o material das atividades. Também é importante reconhecer os momentos de exaustão considerando a duração das tarefas. Propor intervalos em leituras longas ou sugerir uma pausa para tomar água após uma sequência de exercícios, por exemplo, é um caminho para o aluno retomar o trabalho quando estiver mais focado. De resto, vale sempre avaliar se as atividades propostas são desafiadoras e se a rotina não está repetitiva. Esta, aliás, é uma reflexão importante para motivar não apenas os estudantes com TDAH, mas toda a turma.


Quer saber mais?
CONTATO: Mauro Muszkat
BIBLIOGRAFIA: No Mundo da Lua, Paulo Mattos, 182 págs., Ed. Leitura Médica, tel. (11) 3266-5739, 34 reais
Transtorno de Déficit de Atenção, José Salomão Schwartzman, 127 págs., Ed. Memnon, tel. (11) 5575-8444, 36 reais
INTERNET: Palestras online para educadores sobre o TDAH.
Reportagem de Bianca Bibiano
Fonte: Revista Nova Escola Edição 231 Abril 2010

domingo, 18 de abril de 2010

INFELIZMENTE, JÁ ERA PREVISTO!!!


MEC atrasa lei que padroniza entrada da criança na escola

Prometida para dezembro do ano passado, a proposta do Ministério da Educação para acabar com a confusão sobre a data de entrada das crianças no ensino fundamental de nove anos ainda não saiu do papel --o governo alterou a estratégia para padronizar as matrículas.
O ministério havia divulgado que no último mês do ano passado iria enviar ao Congresso projeto de lei instituindo que só quem fizesse seis anos até 31 de março do ano letivo pudesse entrar no primeiro ano.
Hoje, como a legislação não traz nenhuma data, há Estados que aceitam crianças mais novas que outros, o que causa reclamações dos pais e problemas em transferências de rede.
Em São Paulo, por exemplo, a rede estadual disse que sofreu pressão das famílias e alterou o critério já com o ano letivo em curso --13 mil crianças nascidas em 2003 puderam pular do primeiro para o segundo ano.
Agora, o MEC diz que a tramitação do projeto de lei demoraria meses e, por isso, desistiu de enviar a proposta --resolveu incluí-la em outro projeto, que já está no Senado. O texto trata de outras questões ligadas à educação. Ele ainda será discutido em audiência pública em maio. A partir daí, a relatora, Fátima Cleide (PT-RO), diz que irá decidir se o corte será 31 de março ou o final de junho.
Após essa decisão, o texto ainda tem que ser votado no Senado e na Câmara. Há ainda a possibilidade de a proposta ser transformada em emenda constitucional --que tem trâmite mais demorado. A expectativa é que a padronização entre em vigor em 2012.
Carlos Eduardo Sanches, presidente da Undime (entidade dos secretários municipais), diz que as crianças que entram no fundamental com menos de seis anos estão prejudicadas, pois ainda não estão preparadas para a alfabetização. Para o presidente da federação das escolas particulares, José Augusto Lourenço, a posição dos gestores se deve à incapacidade de receber todas as crianças de cinco anos no fundamental.
Reportagem de Angela Pinho

quinta-feira, 15 de abril de 2010

UM TERÇO DOS ESTUDANTES DE 5ª A 8ª SÉRIE FOI AGREDIDO NO ANO PASSADO, APONTA PESQUISA

Quase um terço dos estudantes brasileiros entre a 5ª e 8ª séries do primeiro grau já sofreram maus tratos. Segundo pesquisa divulgada hoje (14) pela ONG (Organização não-governamental) Plan Brasil, 28% dos 5.168 estudantes entrevistados para a pesquisa foram agredidos em 2009.
Quando esses maus tratos são recorrentes, acontecendo mais de três vezes no mesmo ano, configuram, de acordo com a metodologia da pesquisa, em bullying. O termo designa todo o tipo de atitudes agressivas, verbais ou físicas, praticadas repetidamente por um ou mais estudantes contra outro aluno. Estiveram envolvidos em bullying 17% dos estudantes: 10% como vítimas, 10% como agressores, sendo que 3% eram tanto os que sofreram como praticaram os maus tratos.
Os mais atingidos por esses fatos são os meninos. Segundo o estudo, 12,5% dos estudantes do sexo masculino foram vítimas desse tipo de agressão, número que cai para 7,6% entre as meninas. A sala de aula é apontado como local preferencial das agressões, onde acontecem cerca de 50% dos casos relatados.
As regiões onde a prática se mostrou mais frequente foram a Sudeste, com 12,1% dos estudantes assumindo ter praticado o bullying, e Centro-Oeste, onde 14% confessaram esse tipo de atitude. O Nordeste é a região do país onde o bullying é menos comum, apenas entre 7,1% dos estudantes.
A educadora Cléo Fante diz ser importante que os pais e professores estejam atentos e saibam diferenciar o bullying de uma brincadeira entre os jovens. “O bullying não é uma simples brincadeira de criança ou apelido que às vezes constrange. Tem casos que são gravíssimos, chegam a espancamentos. A criança não pode ir na escola, porque sabe que vai apanhar.”
Essas práticas violentas acabam por causar prejuízos na aprendizagem dos agredidos, os sintomas mais citados pelos jovens ouvidos foram a perda do entusiasmo, perda da concentração e o medo de ir à escola. Os agressores também têm problemas, segundo Cléo Fante. Muitos acabam ficando deslocados ao chegar ao ensino médio, quando o bullying é menos tolerado.
Ela exemplificou essa situação com base em um grupo de jovens agressores e agredidos que acompanha. “Muitos [dos jovens] já desistiram da escola. Um que foi morto pela polícia, era um agressor. Ele acabou desistindo da escola, se envolvendo com drogas, se envolvendo com gangues e com tráfico.”
A educadora disse que é difícil definir quais são os fatores que geram o bullying. De acordo com Fante, tanto a família como a escola propiciam, por diversos motivos, esse tipo de prática. Ela ressaltou a própria cultura divulgada pelos meios de comunicação como uma incentivadora da agressão. “Os programas humorísticos geralmente pegam como alvo grupos de minorias. É o anãozinho, o portador de nanismo, o negro, o homossexual. Então são esses grupos que eles fazem "zoação", que eles apelidam e constrangem”, exemplificou.
As escolas não tem, de acordo com Fante, estratégias para lidar com o bullying e outras forma de violência escolar. Ela destacou, entretanto, que não existe um método definido para lidar com essas situações. “Se existisse uma receita pronta, todas as escolas utilizariam. Cada criança age de um jeito”, ponderou
A melhor maneira de agir, na opinião da especialista, é analisar os casos individualmente e tentar descobrir o motivo da agressão, além de conscientizar os envolvidos no processo do ensino “Nós temos que atuar muito mais de uma forma sistêmica, trabalhar com as crianças, com a família, com a escola e com as instituições e atores sociais”.
Reportagem de Daniel Mello
Fonte: http://www.uol.com.br/


Para acessar a pesquisa que foi realizada na íntegra, é só ir até a sessão "LEITURAS INTERESSANTES", desse blog, e clicar no link "Bullying Escolar no Brasil".

segunda-feira, 12 de abril de 2010

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: RESPONSABILIDADE DE TODOS

Diariamente vivencio situações onde educadores, de uma forma geral, apresentam-se "impotentes" diante das dificuldades de aprendizagem trazidas por seus alunos até o contexto da sala de aula. Muitos até tentam criar estratégias para minimizá-las ou até mesmo desaparecer com elas, quando o caso não é tão complexo, mas a grande maioria prefere procurar um "culpado" para atribui-lhe tamanha responsabilidade, eximindo-se da culpa diante da situação apresentada.
Diante de tal situação, tento, na posição que ocupo, enquanto coordenadora pedagógica, buscar respostas para tantas perguntas que me são feitas a toda hora, mas acredito, e agora mais do que nunca tenho certeza disso, que não uma existe uma única resposta , nem somente um responsável pela resolução de tal problema. As dificuldades de aprendizagem fazem parte da rotina da escola e como tal são de responsabilidade de todos aqueles que participam do processo: escola, família e especialistas.
Não falo isso somente "da boca pra fora", como se costuma dizer popularmente quando não se tem argumentos para colocar frente a um fato conclusivo, mas principalmente, porque tenho buscado intensamente por algumas respostas relacionadas a tal problema e minhas leituras, estudos e pesquisas têm me direcionado a essa conclusão.
São muitos os especialistas e estudos da área educacional que abordam o fato. Se for listar aqui passarei dias. Mas exageros à parte, gostei muito das reflexões feitas pelo fonoaudiólogo Jaime Zorzi, que para mim era pouco conhecido, mas cujas contribuições são bastante relevantes para a área educacional.
Além de obras específicas que retratam a temática das dificuldades de aprendizagem, o especialista, tem dado outras contribuições, principalmente em suas palestras e entrevistas realizadas e concedidas Brasil a fora. E é justamente uma dessas entrevistas que quero compartilhá-la com vocês.
Espero que possa ser útil para muitas reflexões, e que estas possam fazer com que cheguemos à algumas respostas, hoje tão "obscuras" e "nubladas" para a grande maioria dos educadores brasileiros.
























































OBS.: PARA AMPLIAR A FONTE DO TEXTO, É SÓ CLICAR SOBRE A PÁGINA DESEJADA.

domingo, 4 de abril de 2010

CONFERÊNCIA DE EDUCAÇÃO DEFINE REDUÇÃO DE ALUNOS NA SALA DE AULA DO ENSINO FUNDAMENTAL


Representantes da sociedade civil de todo o país decidiram, nesta quarta-feira (31), na Conae (Conferência Nacional de Educação), que o número de alunos por sala de aula deve diminuir. Na ocasião, aprovou-se uma proposta para que todas as turmas tenham cinco estudantes a menos do que o indicado atualmente.
Pelo texto da Conae, as turmas da pré-escola devem diminuir de 20 para 15 alunos; as do ensino fundamental, de 25 para 20; as de ensino médio, de 30 para 25; e, finalmente, as de ensino superior, de 35, para 30.
É importante lembrar que estes números são indicativos, mas há muitas escolas que não os colocam em prática.

Outra reivindicação dos representantes é que a formação de professores seja feita presencialmente – diminuindo a oferta de cursos a distância para graduações de docentes.

Financiamento
As plenárias da Conae decidiram pedir que o valor aplicado em educação seja de 7% do PIB (Produto Interno Bruto), em 2011, chegando a 10% do PIB em 2014. A criação do CAQ (Custo Aluno-Qualidade), que estabelece o valor mínimo a ser investido anualmente por aluno, também foi aprovada.
Parte deste financiamento deve ser investida nos salários dos professores. A categoria conseguiu aprovar que a correção do piso do magistério seja feita pelos índices do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

O que já foi aprovado
Segundo o secretário executivo adjunto do MEC (Ministério da Educação), Francisco das Chagas, que coordena a Conae, 90% dos textos em debate já foram aprovados, com acréscimo ou redução. Mas todos os pontos podem ser debatidos novamente, caso representantes considerem necessário.
Nesta quinta passada (1º), último dia da Conae, a polêmica ficou em torno da votação sobre as cotas. Já foi aprovada a reserva de 50% das vagas das universidades para estudantes egressos da rede pública.

A Conae pretende formular as diretrizes para a política educacional do país. O texto final serve como um indicador dos anseios da sociedade no setor da educação. Ele não terá poder de norma, mas deve funcionar como instrumento de pressão política.
Antes da conferência foram realizadas reuniões em estados e municípios com mais de 400.000 participantes ao todo, diz Chagas. O custo final estimado nos dois anos é de R$ 25 milhões a R$ 28 milhões.