sábado, 24 de setembro de 2011

E por que não o caminho da verdade, da fidelidade, da beleza e da justiça?

Hoje eu poderia escrever sobre o pedagogo do futuro, sobre a importância de se trabalhar com a pedagogia de projetos, sobre a necessidade de um modelo de gestão democrática nos espaços educativos ... enfim, sobre os mais diversos assuntos nos quais a educação é pano de fundo. No entanto, resolvi escrever sobre algo simples, mas com uma importância tão significativa e tão intensa quanto qualquer assunto anteriormente citado e outros tantos que ficaram somente na memória. Nesse momento, resolvi escrever sobre Dona Quitéria, uma senhora, de aproximadamente 60 anos, que na tarde de hoje emocionou não somente a mim, mas a uma plateia imensa de alunos e professores do curso de pós-graduação de Educação em Direitos Humanos e Diversidade da Universidade Federal de Alagoas.

Num momento onde se discutia sobre direitos humanos, nada mais oportuno e estratégico do que ouvir essa senhora, natural de Santana do Mundaú, que muito emocionada, falava da importância que foi e que continua sendo a educação em sua vida. E que mesmo diante das mais adversas situações não se deu por vencida e foi à luta, atrás do ideal que havia trilhado para si própria.

Depois de ter vivenciado uma semana bastante turbulenta, o depoimento de Dona Quitéria surge para mim não somente como uma bela lição de vida, mas principalmente como resposta e ao mesmo tempo como afirmação de que enquanto educadora posso não ter escolhido o caminho mais fácil, mas com certeza, escolhi o mais verdadeiro, o mais fiel, o mais belo, o mais justo.

São pessoas como Dona Quitéria que alegra minha alma e me abastece de coragem para continuar lutando por uma educação libertadora para tantas outras Quitéria, Marias, Josés... pessoas humildes, que são esquecidas nos mais distantes lugarejos desse imenso Brasil, mas que como uma fênix conseguem renascer das cinzas e finalmente se tornam visíveis graças à educação que lhes é ofertada. São pessoas como Dona Quitéria que me faz perceber o verdadeiro sentido de estar educadora e que consegue me mostrar o quanto é importante desenvolver com amor um ato educativo.

É inacreditável, mas há quem questione o fato de alguns educadores quererem agir de forma correta, honesta e justa. E isso ocorre simplesmente porque alguns, além de julgarem atitudes como essas utópicas, sente-se incomodados com ações contrárias às suas. É o medo de lidar com o novo. É a dificuldade de aceitar o que é diferente.

E por falar em diferente, Dona Quitéria também conseguiu se destacar na tarde de hoje pelo simples fato de agir assim, diferente. Ela poderia aproveitar o ensejo e falar das dificuldades enfrentadas por ela e por tantos outros moradores de Santana do Mundaú que perderam praticamente tudo nas últimas enchentes aqui, em Alagoas. Mas não. Com a voz embargada e as mãos trêmulas, ela só agradeceu por todas as transformações que a educação foi capaz de fazer em sua vida.

Essa é Dona Quitéria: brasileira, mulher, mãe e avó.

Um comentário:

  1. Cara Juliana
    Em minhas andanças pela internet me deparei com seu blog. E não poderia deixar de parabeniza-la por esta atitude tão carinhosa e emocionante em descrever aqui a mesma sensação que senti com o depoimento de Dona Quitéria. Lindo seu texto.
    Joelma Trajano (colega de turma na Pós EDHDI)

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