quinta-feira, 16 de setembro de 2010

É PRECISO FICAR DE OLHO


Em ano eleitoral é sempre a mesma coisa, além de promessas feitas por meio de discursos belíssimos, os políticos, de uma forma geral, fazem de tudo para mostrar serviço.

Em situações como essa é importante ficarmos atentos e abrirmos os olhos para algumas ideias mirabolantes que tramitam no Congresso, principalmente quando se trata de educação.

De acordo com um levantamento feito pela ONG Ação Educativa, são mais de 250 propostas cujo foco principal é a alteração curricular. Há as mais diversas invenções, desde a introdução ao ensino do esperanto, até questões reincidentes, como a obrigatoriedade do ensino de geografia durante todo o ensino médio.

Diante disso, muitos questionamentos vêm à tona. O primeiro deles é saber o porquê desse tipo de decisão ter que ser tomada pelos então parlamentares. E não faço esse questionamento somente pela desconfiança em relação à capacidade de conhecimento de muitos deles sobre o assunto, não. Pois sabemos, que poucos teriam capacidade técnica suficiente para abordar propostas descentes seguindo uma lógica pedagógica coerente. Os meus questionamentos embasam-se, justamente, na lógica do processo democrático que é tão discutido e colocado em evidência nos dias atuais nas então instâncias públicas escolares, Afinal de contas, não concordo que esse tipo de decisão deva ser tomada por essas pessoas. Quem está no dia-a-dia com os alunos e conhece todo o contexto onde os mesmos estão inseridos, incluindo aí as principais necessidades didáticas, com certeza, não são os parlamentares.

Outro questionamento que não me sai da cabeça é saber por meio de qual lógica essas propostas são formuladas. Porque pelo amor de Deus, querer propor o ensino do esperanto, uma língua que é falada por somente 0,1% da população mundial, quando os índices de leitura e escrita em relação à língua oficial  são piores dos últimos tempos, ou se está querendo brincar ainda mais com a nossa cara, ou realmente, não se conhece à realidade educacional do país no qual foi eleito.

É, de fato, uma situação bem complexa, mas também preciso esclarecer que existem exceções, como a ênfase ao ensino do meio ambiente e à cultura de paz. Embora eu não acredite que seja necessário se criar uma disciplina específica para se trabalhar com tais temáticas, e também concorde que isso já não seja feito por algumas escolas e demais entidades que lidam com educação. Existem experiências belíssimas Brasil a fora, só precisam ser mais bem divulgadas para servir de incentivo a outras escolas que ainda não a praticam.

Portanto, vamos ficar atentos e abrirmos os olhos, senão o currículo educacional brasileiro corre o risco de se transformar num grande elefante branco: grande, aparentemente bonito, mas ineficaz e distante da realidade dos nossos alunos.

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